quinta-feira, 21 de abril de 2011

O truque!


Foi há mais de dez anos que tive o primeiro contacto com uma empresa de sondagens. Na altura foi a  do Dr. Jorge Sá que costumava trabalhar para a SIC.

Ligaram para minha casa e perguntaram se queria fazer parte de um barómetro e colocaram-me algumas perguntas, qual o partido em que tinha votado era uma delas. Quando respondi que tinha votado no PSD senti que tinha dado a resposta errada. Podia ser apenas impressão minha por isso não liguei mas a verdade é que neste 10 anos nunca mais fui contactado.

Esta minha experiência pessoal leva-me a desconfiar de sondagens e barómetros como quem desconfia dos vendedores de banha da cobra: acho sempre que podem não estar a dizer toda a verdade!

Isto a propósito da sondagem/barómetro de hoje da TSF/Diário económico que dá 36% para o PS e 35% para o PSD quando há um mês dava 47% para o PSD e 24% para o PS. 

Durante todo o dia ouvimos nas rádios e televisões as mais diversas personagens afirmar que os resultados desta sondagem tinham a ver com os "constantes tiros no pé" que o PSD de Passos Coelho teria dado. 
Ora, quem for minimamente inteligente mas sobretudo sério, sabe bem que, quem em Março estaria predisposto a votar PSD não passaria agora a votar PS, logo os 12 pontos que o PSD perderia (e aceitando que de facto o PSD só fez asneiras) nunca transitariam para o PS mas sim para a abstenção ou para o PP.

Onde está então o truque? Está na ficha técnica:
FICHA TÉCNICA: A sondagem da Marktest para o Diário Económico e TSF realizou-se nos dias 15, 16 e 17 de Abril para analisar as intenções de voto e a popularidade dos principais protagonistas políticos. O universo é a população de Portugal Continental com mais de 18 anos e que habite em residências com telefone fixo. A amostra, constituída por um total de 805 inquiridos, foi estratificada por regiões: 161 Grande Lisboa, 89 Grande Porto, 133 Litoral Centro, 151 Litoral Norte, 182 Interior Norte e 89 no Sul;422 a mulheres e 383 a homens. 255 a indivíduos dos 18 aos 34 anos, 276 dos 35 aos 54 e 274 a mais de 54 anos. A escolha dos lares foi aleatória. Intervalode confiança de 95%, e margem de erro de 3,45%. Indecisos redistribuídos de forma proporcional aos que declararam sentido de voto. Taxa de resposta 18,1% 

É aqui que reside o truque. 18,1% de respostas, ou seja dos 805 inquiridos apenas responderam 145 
Desses 145, 52 afirmam que ainda não sabem em quem vão votar, 15 dizem que vão votar em branco e 9 dizem que não votam. 
Resumindo apenas votaram efectivamente 69 pessoas o que dá um votação de 25 votos no PS e 24 no PSD, enquanto no barómetro anterior o resultado foi 26, votos no PSD e 14 no PS.
De registar que no barómetro anterior a taxa de resposta foi de 20,3% o que deu 164 votantes (mais 19 que nesta) 

Percebeu o truque? É pura magia!!!! 



2 comentários:

  1. Bom, embora concorde com as críticas à(s) sondagem(s), o que diz neste comentário não corresponde à verdade. O número de entrevistas válidas concretizadas é, de facto, 803. Mas para obter este número a Marktest teve efectuar muitos mais telefonemas - 14 594. Depois é preciso retirar os números que não são das casa particulares, as pessoas que não atenderam, as que atenderam mas não eram residentes e as que não quiseram responder. No fim, conseguiram 1369 telefonemas com possibilidade de resposta e obtiveram 553 recusas (e mais umas poucas inválidas).

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  2. Meu caro tpinto, até pode ter razão mas não é isso que diz na ficha técnica que tirei do Diário Económico. Vamos esperar que o barómetro fique disponivel no site da Marktest para tirarmos as duvidas.

    Cumprimentos

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